O Presidente angolano (ou terá sido o Presidente do MPLA? Ou terá sido o Titular do Poder Executivo?), João Lourenço, discursou hoje num comício, no Huambo, admitiu que os preços da gasolina podem descer nos próximos meses devido o aumento da oferta de produtos refinados, já a partir de Junho. É obra.
O triunvirato do poder (João Lourenço, João Lourenço e João Lourenço) cumpriu hoje mais uma etapa das suas visitas às províncias em tom de pré-campanha eleitoral, seguindo o modelo adoptado nas anteriores deslocações ao Cunene e a Cabinda: começou com inaugurações, nas vestes de chefe de Estado, virou a casaca e culminou com um acto de massas, como líder do MPLA e seu cabeça-de-lista às eleições de Agosto.
Tal como nos discursos anteriores, João Lourenço apontou várias conquistas do actual governo, evocando o centenário do nascimento de Agostinho Neto, primeiro presidente do país, único herói nacional permitido pelo MPLA e assassino de milhares e milhares de angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977, para lembrar as suas “sábias” palavras, afirmando o empenho em “resolver os problemas do povo”. Problemas que têm – de acordo com o ADN do MPLA – duas formas de serem resolvidos: ensinando os angolanos a viver sem comer ou fuzilando-os.
“É o que temos vindo a fazer ao longo do nosso mandato, um pouco por todo o país”, disse João Lourenço apontando uma série de infra-estruturas nas áreas de habitação, saúde, água e energia e que são também oportunidades de emprego e, se for necessário, também uma outra infra-estrutura já usada com sucesso por Agostinho Neto: valas comuns.
João Lourenço falou também sobre as eleições, previstas para Agosto, apelando a que todos exerçam o seu direito de voto (extensivo, como nas anteriores, aos mortos que delegam p seu voto nos dirigentes do MPLA), não só para dar a vitória ao MPLA (que essa está garantida já hoje pela Indra e pela CNE), mas para “garantir que esse esforço de resolver os problemas do povo continue” e prometeu que, no próximo mandato, fará muito mais, porque “não vai haver Covid nem 19, nem 20, nem 21”. Deverá é continuar a haver MPLA 46, 47, 48…
A missão é também atingir o pleno emprego, continuou a demagogia do líder do MPLA, afirmando que este pode ser conseguido se houver (não terá dito “se haver”?) conjugação entre o público e o privado.
O líder do MPLA abordou também a crise económica provocada pelo conflito na Ucrânia, que fez disparar os preços dos combustíveis e dos bens alimentares, sublinhando que o país se tem estado a prepara para enfrentar o choque desta crise energética e alimentar. Pena foi não ter culpado (como faz na intimidade) Volodymyr Zelensky e bajulado o seu querido líder Vladimir Putin.
“Felizmente, tivemos a visão de não nos contentarmos em ser apenas um grande produtor de petróleo em bruto”, disse, lembrando que as pessoas e as indústrias, consomem produtos refinados, como o gasóleo e gasolina.
“Gabávamo-nos de sermos um grande produtor de petróleo, mas éramos também um grande importador de derivados de petróleo, uma situação que estava muito errada”, salientou João Lourenço, apontando o desenvolvimento recente das refinarias no país.
Embora não esteja ainda resolvido o problema da refinaria do Lobito, João Lourenço, disse que se criaram condições para que o sector privado investisse em refinarias mais pequenas, acrescentando que ainda este ano Cabinda vai iniciar a produção e na sexta-feira foi lançada primeira pedra da refinaria do Soyo, esperando-se produzir 160 mil barris/dia nas duas refinarias em 2025.
Além disso, anunciou que, em Junho, a refinaria de Luanda vai passar a produzir quatro vezes mais gasolina, um aumento de oferta que pode significar uma descida dos preços a partir de Junho ou Julho.
Falou ainda sobre a necessidade de reduzir o peso da economia informal, insistindo que o emprego “é um direito que cabe a todos os cidadãos” (sobretudo aos do MPLA) e destacou que cerca de 150 mil vendedores saíram da informalidade com a implementação do PREI (Programa de Reconversão da Economia Informal).
João Lourenço indicou também outras medidas que o executivo tem tomado para baixar o custo de vida dos cidadãos como a redução do IVA em alguns produtos, aumento do valor do salário mínimo e reserva alimentar estratégica, voltando a lançar um apelo ao aumento da produção de alimentos, não só para consumo interno, mas para exportação. Esqueceu-se, lamentavelmente, de falar de uma das obras-primas do MPLA que foi a criação de grandes espaços onde é fornecida comida de borla aos mais necessitados, e que os autóctones chamam de… lixeiras.
E porque “nem só de política vive o homem”, João Lourenço terminou o comício, anunciando que antes de Agosto, vai começar a ser construído um Estádio no Huambo. Pelos vistos ainda não será neste mandato que o MPLA vai avançar com a ligação marítima ao… Huambo.
Folha 8 com Lusa